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Arquitetos: LADO Arquitectura e Design
- Área: 360 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Francisco Nogueira
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Fabricantes: Duravit, Fassa Bortolo, Stella Rubinetterie, Stuv, THPG, Terracota do Algarve
Descrição enviada pela equipe de projeto. A privilegiada localização frente ao mar foi o ponto de partida para o projecto desta habitação unifamiliar, que surge implantada numa parcela de terreno com uma configuração singular e uma topografia suave, um coberto vegetal rasteiro, que repentinamente se transforma em falésia rochosa desembocando, a poente, numa praia selvagem de extraordinária beleza. A propriedade insere-se na zona de protecção do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina o que impôs, desde logo, um sentido de respeito pelo lugar e pelo seu carácter natural, que o projecto procurou manter tão inalterado quanto possível.
Com uma área de implantação de 260m2 - a mesma da ruína irrecuperável que existia no local – a casa consiste numa interpretação contemporânea da arquitectura vernacular da região. Esse mimetismo, intencional, materializa-se através de uma volumetria clara, da cor branca e das duas águas de telhado tradicional. As soluções construtivas e os materiais aplicados dão corpo a um desenho de linhas simples, despretensioso e depurado, pacificamente pousado naquela fatia de privilegiada natureza. Da estrada avista-se a fachada nascente, apenas mais uma casa, linhas horizontais com um conjunto de vãos contidos, capazes de manter a privacidade familiar na zona dos quartos, e ainda a porta de entrada integrada num vazio de sombra.
Na fachada oposta, pelo contrário, a casa abre-se generosamente sobre a paisagem até ao mar, através de dois amplos vãos, rasgados a toda a largura da sala e da suite principal. Estes grandes planos envidraçados permitem trazer para o interior da casa a natureza envolvente, ou estender o programa funcional da habitação para o exterior, sempre que o clima o permita.
A plataforma e a pérgula que acompanham esta fachada, configuram o tradicional espaço de alpendre das casas rurais do Sul, que se transforma ao longo do dia em espaço de estar, de refeição, ou simplesmente de contemplação. No interior, a casa tem uma vivência muito contemporânea, organizada em torno da grande sala, que é o espaço nuclear da habitação. Aqui se concentram as funções de cozinha, refeição e espaço de estar.
A cozinha aberta, a lareira biface no centro do espaço, o grande pé-direito, e a relação visual com o exterior propiciam um espaço de enorme dinâmica ao longo dos diferentes momentos do dia. Além desta sala central, a habitação é composta por cinco quartos, três dos quais em suite, casa de banho comum, lavabo social e espaço de garagem e arrecadação. No que se refere a soluções construtivas, destaque para os madeiramentos que estruturam a cobertura, e cujo desenho procura conciliar a maneira tradicional de fazer telhados, com uma escala e espacialidade nova, mais ampla e ambiciosa do ponto de vista estrutural, vencendo o grande vão sem elementos estruturais verticais.
Todos os elementos de carpintaria da cobertura – vigamentos, as asnas de desenho singular e forro em réguas de madeira – dos vãos interiores e dos armários, pintados na cor cinza claro, conferem uma espacialidade particular às áreas comuns, seja a sala do piso térreo ou a sala do mezanino, reforçando o carácter simultaneamente tradicional e contemporâneo deste espaço. Todo o pavimento no piso térreo é em betão afagado, quer no interior quer no exterior, conferindo uma grande continuidade entre os vários espaços. No sótão o pavimento é em madeira de Riga, conferido um nível de conforto distinto à sala, quartos e instalações sanitárias existentes neste piso.